E o primeiro ano escolar transcorreu com alguns aborrecimentos, fique estigmatizada pelo episódio do maninho tomar o doce de um colega de classe, ele foi proibido de comer doces devido ao estrago nos dentinhos, com 2 anos já extraiu quatro de uma vez, quando viu meu colega com um doce na mão, não teve dúvidas, tomou e abocanhou, meu pai na tentativa de educar o moleque, deu-lhe uma surra, porém não pagou o doce do garoto, que levou o caso à minha professora Dona Isaura, foi muito chato, fiquei com a culpa do maninho nas costas, sem contar meu primeiro dia escolar, a aula que não aconteceu para mim, devido ao sarampo fui mandada de volta o que muito me consternou, naquela época, já o que mais queria era aprender, nada disso impediu meu sucesso nos estudos, o glória, como era bom aprender as lições de linguagem, aritmética, conhecimentos gerais, era o que tinha, e tirei um bom 75 passando para o segundo ano.
segundo ano |
Terceiro ano |
Conquista |
100 simplesmente |
tirei 100 em tudo, tamanha era minha vontade de aprender; o dia da entrega do diploma foi lindo, com as meninas de vestido branco e a Taisa uma das alunas prendadas, tocou harmônica para comemorar a data.
Sendo primogênita ajudei meus pais e irmãos no que podia, mas também muitas artes fazia, o que me renderam homéricas surras, pegava meus irmãos e os levava para o córrego, onde hoje passa a Av. Luiz Inácio de Anhaia Mello, era uma façanha pois precisávamos passar escondido pela rua acima, íamos agachadinho para nossa mãe não ver, o passeio era bom, colocávamos nossos pés na agua limpinha que mal chegava ao tornozelo, levávamos latinha furada e alguns peixinhos pegávamos, um dia a mãe descobriu, eu fugi, ela pegou meus irmãos tirou-lhes as calças e os trouxe pelados e assim os colocou na janela de castigo, até nosso pai chegar e os livrar.
Papai trabalhava em período noturno, muitas noites mamãe tinha crise nervosa, eu e maninho íamos a procura de ajuda e só os cães a ladrar era o que encontrávamos, voltávamos e ela mesmo com os dedos duros, enrolados, me orientava a ir até o quintal apanhar capim cidreira e fazer um chá que ela tomava e as vezes melhorava, outras só ao chegar nosso pai para ajudar.
Nossos passeios eram no Museu do Ipiranga e na casa da avó na Vila Bela, onde encontrávamos os primos e muitas artes e brincadeiras, atentávamos nossas tias e muitas vezes ficamos trancados no banheiro de castigo.
dúzia e meia prontos |
Fase triste ao terminar o primário e não ter escola para prosseguir os estudos, sonhava com o ginasial, tive que contentar com um quinto ano particular na Escola Paroquial Nossa Senhora do Carmo, foi bom e importante, uma grande época de minha infância, tudo aprendia com facilidade, não tinha dificuldade em nenhum aprendizado e sentia muita paz no colégio, ao que decidi que ia ser freira, pois assim poderia estudar e gozar daquele sossego, mais uma vez podada por mamãe, não deixou em hipótese alguma, tive ímpetos de fugir, mas como era obediente, obedeci.
Fanfarra - Colégio José de Anchieta |
Esse dia guardo na lembrança para sempre, o dia que virei gente grande aos treze anos de idade, fui ao diretor, pedi meus documentos de volta que estava deixando o colégio, ao que ele perguntou porque? Em minha inocência disse: não vou passar mesmo, então vou sair, era uma cartada, imaginei que sabendo ser eu a primeira aluna do colégio o Diretor entenderia que algo acontecia, então expunha os fatos e ele me deixava terminar o ano, tal não aconteceu ofendeu-me de todas as formas me chamando de preguiçosa, covarde e sei lá mais o que e jogou os documentos na mesa, pensei em defender-me dizendo que não iria passar, pois não realizaria as provas por não poder pagar, engoli em seco a humilhação, como eu era inocente, evidente que o capitalismos venceria, retornei para casa com o coração apertado, ao chegar não tinha ninguém, dei vasão às lágrimas que foram de sangue, as sequei antes que chegassem tomando uma decisão, iria trabalhar, não deixaria aquele barco afundar, pois com a situação papai se entregou a bebida e a doença nervosa de mamãe exacerbou, entrei em profunda depressão por uns dias, reagi, arrumei trabalho, costureira, era o que eu sabia fazer e contra a vontade deles, na marra mesmo fui trabalhar na Oficina de costura Confecções Prainha na Rua Silva Teles, era o dia 18 de janeiro de 1961.
Sofri buling e nada alterou meu comportamento...
ResponderEliminarQuanta luta, vencerei mais esta, como está difícil, mas estou com a verdade, embora a justiça seja cega, mas necessário é lhe abrir os olhos...
ResponderEliminarQuem já venceu tudo isso, vencerá mais esta, que perseguição, parece um pesadelo sem fim...
ResponderEliminarAgora me imaginam mentirosa, que luta, consciência tranquila e deixando como está, que pior não poderá ficar...
ResponderEliminarAlguns passos na defesa, plantio feito, aguardar a colheita...
ResponderEliminarFiz o ginásio e depois o Técnico em Contabilidade concluído em 1972, posteriormente colei grau em Direito e trabalhei no Judiciário até me aposentar. Hoje a única lembrança que tenho é frequentar o "PIER 10" no Central Plaza Shopping, criado pela professora "CIDA" de português.
ResponderEliminarTeve mais sorte que eu, não consegui formação acadêmica, o que não impediu de conseguir bom trabalho, porém na tentativa de uma vida a feliz a dois, botei tudo a perder, joguei tudo na lata do lixo, a 30 anos venho na batalha, sozinha, tentando sair do abismo em que fui lançada.
EliminarQue bom que vc tem esse PIER 10.
Mas a vida é assim, enquanto estivermos por aqui é viver como se tudo fosse eterno.
Senhora NILZA, meu nome é Wilson Candeias, tb estive no Anchieta entre 61 e 68. MUITO OBRIGADO por nos brindar tão emotiva história, que reflete todo o passado de muitos de nossa idade. Uma história real e linda, viajei com a distinta amiga, em sua imagem da fanfarra reconheci um professor de caligrafia (ñ recordo o nome) e o prof. Carlos (diretor e dono da escola, que a senhora cita). Do Parque São Lucas recordo de minha classe, havia mais, mas recordo do Cláudio Tomazetti. Quanto ao Professor Maiorga, por suas atitudes, se fosse nos dias de hoje ele apanharia dos alunos. Convido a senhora se desejar conhecer algo sobre espiritualidade, poderá visitar o meu Vida Eterno Crescimento. https://vidaeternocrescimento.blogspot.com/
ResponderEliminarMais uma vez MUITO OBRIGADO, pelo carinho e pelas imagens que tão iguais as minhas! Receba o meu fraterno abraço, Wilson Candeias
Só hoje estou vendo sua publicação, o professor de caligrafia e desenho era prof Hernani, vc morava no Parque São Lucas, vou conhecer seu blog, com certeza, um abraço...
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