Sonho |
Enquanto fiz meu primeiro ano ginasial em Colégio de prestígio, já no ano de 1960 e via a moçada no banheiro se exibindo, eram jovens maiores que eu, ficava com vontade ser como elas e passei a imitar as roupas, vestido com cintura baixa, sapatilhas tipo maria mole e passei a raspar as pernas, coisa que sequer tinha pelos, apenas uma penugem, porém com as via fazer, copiei.
A partir dai a vida passou a dar porradas demais, tive que virar gente grande na marra, não sei se foi bom ou ruim, mas comecei a andar por meus passos, a ter que saber onde pisava, pois o buraco era cada vez maior, então precisava pensar, já que estudar se tornou impossível o jeito foi trabalhar, iniciar o meu período produtivo fora do lar, pois em casa já trabalhava nas costuras com minha mãe, na arrumação da casa e cuidados com a família, o trajeto para o trabalho levava aproximadamente duas horas, não havia Radial Leste, nem viaduto do Bras, então tínhamos que esperar na porteira fechada a passagem do trem o que as vezes era bem demorado, aproveitava esse período para ler, devorava tudo que via pela frente, revista de fotonovela, os livros proibidos por minha tia, outros que as colegas emprestavam, aprendi pela maneira que foi possível, li de Calígula a Vitor Hugo, todas as fotonovelas das revistas Capricho e Ilusão da época e nesse interim aprendi a desligar a mente e viajar pelo mundo encantado da literatura, transformava-me em cada personagem que agradava, geralmente princesas, passei a viver nesse mundo das ilusões, mas isso fez com que amenizasse a dureza da realidade vivida ao mesmo tempo que ia tramando um plano para sair daquilo, criar asas e voar.
Realidade |
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