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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Vitrolinha Portátil

Bailinhos de garagem
Inicio anos 70 tinha um sonho, possuir um toca discos, sempre amei música, mas a grana curta não oportunizava ter um aparelho desses.

Trabalhando em Lojas Americanas, um grande sonho, onde consegui abandonar a profissão de costureira industrial, que me tumultuava os miolos a ponto de fantasiar ser outra coisa e fazer de minhas fantasias uma verdade absoluta, na minha cabeça.

Trabalhando em empresa multinacional, era a glória, tendo todos os benefícios que uma empresa assim proporciona, um belo dia fizeram um sorteio do seguro de vida e fui premiada com CR$ 480,00, o felicidade, como meu salário era para ajudar a família, que sempre coloquei em primeiro lugar, que amei do fundo do meu coração e tudo fiz para que tivessem o melhor, mas com esse dinheirinho extra consegui comprar minha vitrolinha, tinham duas acessíveis, uma da Philips que era melhor e mais cara e outra da Delta mais em conta, fiquei com a Delta e assim pude comprar um LP vinil do Bee gees e ainda sobrar um dinheirinho para ajudar em casa.

Grandes emoções ela me proporcionou, muitos bailinhos nas garagens dos amigos e em minha própria garagem e casa, muitos anos ela nos acompanhou, eu e minha turma, ia pelas ruas encontrava meu grande amor por acaso e o levava para bailar em casa, armava o bailinho na hora, o felicidade, o sonho, fui comprando mais alguns discos e minha vitrolinha nunca falhou, os bailinhos sempre um sucesso.

Com a chegada dos sobrinhos continuou fazendo sucesso era tudo bem divertido, a garotada e a vitrolinha, uma vez um dos sobrinhos sentou no prato de tocar discos e quebrou a pobre, berrei com ele que ficou com os olhos piscando duro de medo, mesmo assim falou: ta doida, mas em seguida o abracei e disse que não teria importância que iria consertar, então o danado voltou a sentar, ele queria simplesmente rodar no prato como se fosse um disco.

Passado todo esse tempo e a primeira sobrinha me fez lembrar essa vitrolinha que por muito tempo acompanhou minha vida, e quis saber seu paradeiro, diz ter saudade das musicas que nela ouviu na época, bons tempos, belos dias, isso mesmo, Roberto Carlos e suas canções.

A vitrolinha acompanhou meus dias então sem o prato, conectei nela meu aparelho de ouvir musicas com fone de ouvido e funcionava como caixa de som, até que meus cães herdados fizeram farofa dela, puxaram os fios de todos os modos até destruição total e assim chegou seu fim.

2 comentários:

  1. A primeira sobrinha.. sim, sou eu..
    Lendo seu relato, fiquei preocupada se seria eu a sentar no prato e estraga-la.. mas tive a certeza que nao fui eu.. afinal,eu amava a vitrolinha,amava ouvir Roberto Carlos, amava ouvir Raul Seixas.. amava tudo de bom que foi minha infancia na sua companhia. Sinto saudades de um tempo muito bom, que a felicidade era um tenis, que as contas nao me preocupava.Hoje minha maior preocupação é a educação da minha maior riqueza,e assim, com muito amor, vou criando, educando, e ensinando a dar valor a pequenas coisas que passam em nossa vida, e que nos fazem um bem enorme depois de um tempo, quando nao somos mais crianças.
    Saudades demais da minha melhor tia, e da vitrolinha. :-(

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    1. Gosto de registrar minhas memórias, faz bem a alma, quem sentou no prato da vitrolinha foi o Fabinho, parece até que estou vendo a cara dele querendo rodar no prato.

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