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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Desafio

A inspiração
No desatino de fazer ou não fazer o embate, agora com a prova na mão, sem ter com quem pedir uma orientação e poder aceitar, após pedir ao travesseiro uma direção e acordar sem a mesma, resolvi fazer uma meditação e pedir a resposta.

Após uns instantes de relaxamento, a inspiração, vá até aquele armário de livros, os livros que inspiraram sua conduta na vida afora, os livros que lhe instruíram, já que não teve escolas, abra feche os olhos, leve a mão, retire um, abra uma página e ai encontrará a resposta.

Obedeci e surpresa, retirei o Retrato de Dorian Gray, obra de Oscar Wilde, uma das primeiras que li, muito me impressionou e talvez tenha direcionado de alguma maneira meu modo de ser de ver a vida, abri na pagina 300, sei a essência do romance, porém não sei mais os detalhes nem os personagens, apenas sei a figura central, mas a resposta lá estava no texto a seguir:

- Custa-me por sua causa, Alan, murmurou, mas você não me deixa alternativa alguma. Tenho já uma carta escrita. Ei-la. Vê a direção. Se não me ajuda, tenho que a enviar. E enviá-la-ei. Sabe qual será o resultado. mas vai ajudar-me. É-lhe impossível negar-mo. Esforcei-me por poupa-lo. Far-me-à a justiça de o acreditar. Foi severo, ríspido, ofensivo. Tratou-me como nenhum jamais ousou tratar-me - nenhum homem vivo, pelo menos. Tudo suportei. chegou agora a minha vez de ditar condições.
Campbell escondeu a cara nas mãos e estremeceu dos pés à cabeça.
- Sim, chegou a minha vez de ditar condições, Alan. Não se atormente nessa febre. É uma coisa que tem que se fazer. Encare-a de frente e faça-a.

Encontrei a resposta do que me atormenta, tenho apenas que tomar todas as precauções para que não se volte contra mim, pois o fora da lei, não sou eu, porém estou metida na trama, embora que de maneira inocente. 

Agora é seguir em frente, sem dó nem piedade, que piedade de mim, ninguém teve, sebo nas canelas, sem esmorecer.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Roubando flores

Poderia ser escolhido
Houve um tempo em que resolvemos roubar flores para oferecer as nossas mães.

Duas amigas já adultas, uma pulava a cerca dos quintais, com uma tesoura em punho, enquanto a outra ficava no fusquinha de tocaia vigiando, a que pulava a cerca já era formada em pedagogia, a outra uma aprendiz de safadezas.

Na calada da noite, na escuridão, a tesoura na mão, com emoção, o coração a mil dum, dum, dum, dum...

Tudo era feito muito rápido, a entrada nos quintais, a colheita das rosas, sim, escolhíamos o que queríamos e rosa era a preferida e com ar mais inocente deste mundo íamos oferecer as flores as nossas mães, que sequer suspeitavam da ousadia das filhas já crescidas.

Brincadeiras simples que faziam da vida um canteiro florido, porque não passavam de peraltices as ousadias cometidas, e as casas visitadas talvez até soubessem do ocorrido e faziam vistas grossas pois éramos todos amigos de bem viver.

Um tempo que ficou no passado, na saudade, um tempo em que as marcas ainda não eram tão profundas, um tempo em que ainda acreditávamos no amor verdadeiro, feito para a eternidade.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Paraiso

Atual
Tentando entender a índole do ser humano...
Dos primórdios dos tempos aos dias atuais.

A evolução
iniciou lenta e foi acelerando, acelerando, acelerando,
Grandes descobertas,
O humano se pôs em movimento,
Em algum momento desandou,
E tudo que conquistou na iminência de sucumbir,
Ambição desmedida,
O que vale é o poder,
Se não tem poder está perdido,
É tudo supérfluo, descartável,
Sempre querendo mais e mais, sem nem saber por que,
Aproximação só por interesse,
E o planeta avisando
Que está em turbulência,
Já não aguenta tanta destruição,
Vamos à desaceleração,
Quem sabe ainda possa haver tempo,
De manter o atual,
Sem chegar ao fatal...

Divagações


Antiga
A casa quase caiu, o vendaval levou algumas telhas, a internet travou, mataram a pobre da fila cega, chamaram a carrocinha para mim,  acho que ando querendo viver em outro lugar, mas não sei onde, que povo mais falso, parece brincadeira, bosta pra eles, vivo bem com meus cachorros, agora tive que guardar a outra que jogaram fora, mas foi preciso, ainda arrumo um lar para ela, tenho que arrumar o telhado, vamos ver quem arruma, acho que terá que ser eu, pois esses vagabundos somente gostam de explorar, querem tirar o coro da gente.
 
 
Escolhida
Divagações anteriores de situações vividas, tentando profetizar uma nova maneira de viver pois estava realmente difícil.
 
 
 
A vida foi girando, levou meus animais, o tempo e a verdade me livraram das calúnias, encontrei a nova morada, novos projetos de vida e na iminência de resolver a questão mais difícil, para enfim se libertar.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Casório


O sonho não foi meu
Hoje são 27 anos do malfadado casório que destruiu minha vida, 

Jamais imaginei casar,
Mas as coisas foram acontecendo,
Estive ao lado durante a batalha,
Carreguei no colo quando precisou, após a vitória fui jogada fora.


Louca, louca, louca,
Surtada até a raiz dos cabelos,
Ou não teria ocorrido o enlace,
A pressão foi grande demais de todos os lados,
Apenas duas pessoas tentaram me aclarar as ideias,
Se desdobrou em três para me conquistar,
Depois disso me apaixonei,
Difícil para alguém apaixonado usar a razão,
Ainda diante da persuasão desmedida do outro,
Em fim o sim para ele e o não para minha vida,
Destruída desde então,
Pois cada instante era uma decepção,
Uma atrás da outra,
Pois a vitória dele foi a minha destruição,
O início de minha derrocada,
Lançada ao abismo sem dó nem piedade,
Sugada até a última gota,
E ainda com os cães comprados por ele para investimento,
Os quais cuidei até o fim de seus dias,
A subida vem sendo feita,
Árduo o caminho, sem esmorecer um instante,
Quase chegando a vitória,
Ao resgate do mal recebido...

sábado, 4 de janeiro de 2014

Trapézio

Sonho frustrado
Nasci com potencial para atleta, aos seis meses levantava do berço, agarrava nas grades e pulava, pulava, pulava, pulei até conseguir uma hérnia umbilical, por conta disso passei a usar uma cinta terapêutica até aos dois anos de idade, fiquei totalmente recuperada, sem sequelas, acho que iniciava ai minha predisposição à auto cura.

Aos primeiros passos, andava somente na ponta dos pés, ao que ouvia, esta menina vai ser bailarina, coitadinha, até hoje não aprendeu dançar.

Nas viagens anuais ao sitio para visitar o avô era a glória total, acrobacias na areia, pulava igual macaco de uma arvore à outra, em uma ocasião errei o salto e caí em um pé de café me ralando toda, a criançada que não sabia pular se danou de tanto rir.

Na escola pular corda foguinho, corrida, salto a distancia e altura, não deixava para ninguém.

No balanço em casa era a realização, acrobacias mil.

Apareceu um circo nas redondezas por volta de meus nove anos, foi paixão instantânea, fique alucinada com o trapézio, voar no trapézio, era tudo o que eu queria, meu sonho de vida.

Peguei uma sacola, coloquei algumas roupas e fui dizer adeus aos meus pais, tchau pai, mãe, vou embora com o circo, vou voar no trapézio, a surra foi homérica e ainda tive que engolir o choro, eu pensava que tudo podia, eu pensava que era dona da minha vida, eu pensava que podia ser feliz, fui duramente podada e arranjei uma frustração para o resto de meus dias.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Chicote

Chicotadas mil
Chicote bate forte,
Dia e noite sem parar,
Desde o nascimento até agora,
Tempos em tempos uma trégua,
Pura ilusão,
Chicote volta a bater mais forte,
Bate, bate, bate,
Bate sem parar,
Será que acostumei a levar chicotadas,
Não, não e não,
Chicotadas vem de todos os lados,
De onde menos se imagina,
Atônita, sem crer,
Aí é que vem mais forte,
Tento esquivar, em vão,
Chicotadas vem e vão
Cada vez mais forte,
O lombo vem aguentando,
Pergunto,
Até quando...
Não sei.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Surtada


Metade
Metade de mim está surtada,
A outra metade sabendo,
Não entendendo se é bipolar,
Se é genético,
Vendo uma coisa e achando que é outra,
Vendo o real, achando que é irreal,
Sem forças para mudar e ver direito,
Pedra é pedra, mas não é pedra,
Cabeça dura,
Isto é isto, mas não é isto,
Vendo sem querer ver
Ou não podendo ver,
O emocional frágil já não aguenta,
Não quer ver, não quer fazer,
Sem forças para lutar,
Tentando apenas
Não surtar por inteiro...