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terça-feira, 10 de abril de 2012

Flor do sabugueiro

Foi a salvação
Nasci com uma imensa vontade de aprender, uma curiosidade incontrolável de conhecimento, assim aos 6 anos, mamãe que era semi analfabeta, comprou uma Cartilha Sodré e me ensinou as primeiras letras, fiquei encantada de tal forma com a cartilha que rapidamente decorava as primeiras lições e convidava mamãe para brincar de me ensinar, ao chegar na lição da macaca eu já havia aprendido a soletrar e ninguém mais me segurava, onde via algo escrito la ia eu a soletrar e fazer as perguntas para saber o que significava aquilo, tudo era novidade, tudo era encantador, me envolvia naquele mundo das letras de tal maneira que me sentia o máximo, eu já sabia ler, que emoção.

Este ano dos meus 7 anos foi incrível, viajamos para a cidade de Aparecida do Norte para pagar a promessa que mamãe fez quando eu era bebe, promessa para que eu mamasse, pois desde essa época já não gostava de leite, e recusava o peito, promessa feita comecei a mamar ai então aos 7 anos me levaram para pagar, fomos de ônibus, embarcamos na antiga Rodoviária de Sampa, uma bem bonita cheia de vitrais coloridos ali pelos lados da Estação da Luz, voltamos de táxi, o maximo, a estadia la foi bem legal, meu irmãozinho se perdeu, ele era terrível, saiu correndo em volta da antiga matriz no meio da multidão e difícil foi encontrar.

Nesse ano foi comprada nossa casa, onde nossa estória começaria a ser escrita de verdade, a estória de nossa pequena família, mudamos em 24 de setembro de 1954, no inicio do outro ano fui para a escola, a que felicidade, me sentia mal e nada disse, minha mãe me deu um banho na baciona de alumínio que tinha para essas ocasiões, eu fui meio tonta para a escolinha, toda arrumada de uniforme, fita na cabeça e malinha de material, mas ao chegar a professora me mandou de volta “essa menina está com sarampo, não pode ficar no meio das outras crianças, voltei pra casa aos berros e para me acalmar disse a mamãe que queria costurar na maquina, já tinha alma de estilista, não teve jeito e deixou, a primeira coisa que fiz foi enfiar a agulha no dedo mindinho, ai acabou a brincadeira, estava verdadeiramente mal com o sarampo, a febre foi ficando alta e à noite tive delírios e agarrei a camisola de mamãe, nessa época meu avô materno vivia em casa e foi minha salvação, era um homem meio bruxo, multi-midia se diria nos dias atuais, fazia de tudo um pouco, foi dono de jardineira, muitas terras, gado, prefeito de cidade, professor e até coveiro quando perdeu na política, era de Ouro Preto, falava até da inconfidência, assim saiu pelas ruas a procurar pela flor do sabugueiro, uma erva que já havia visto pelas redondezas e sabia ser benéfica ao tratamento de febres, fizeram o chá e me salvei do sarampo, sendo então iniciada no costume ao tratamento com ervas medicinais.

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