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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Réquiem

Velha Fila cega abandonada
Réquiem para uma velha cadela fila cega abandonada,
Inocente vítima da ferocidade humana enlouquecida,
Inebriada, com atitudes animalescas;
Pobres animais,
Seres indefesos vivendo na selva
Dos chamados seres humanos,
Tirados do seu habitat natural para satisfazer a vaidade dos desumanos,
Deixados ao desalento sem leito, sem teto, sem alimento,
No abandono, na saudade, na dor sofrida,
Que somente os que conhecem o abandono podem saber,
Perambulando a esmo, vagando sem direção,
Buscando em vão um amparo, um carinho,
Nada encontrando,
Apenas o alimento, ás vezes, para o seu corpo já frágil,
Cansado dos anos que carrega nas costas,
Quando já lhe faltam os sentidos,
E mesmo assim defendem seu território,
Seu “dono” até a morte cruel,
Quando antes não são jogados à rua,
Qual coisa imprestável, inanimada, sem valor...
Mesmo assim vagam a esmo, uivam no desespero,
De saudades, do que um dia julgou ser felicidade,
Coitadinhos, valentes até o final,
Cheios de afeto, para com seus desafetos,
Descansa em paz fila querida...
Agora que jaz no sono da morte,
Mas antes exponha bem suas vísceras,
Exale bastante podridão, para quem sabe,
Algum humano,
Um dia venha à por a mão na consciência,
E tenha alguma decência, antes de tamanha sordidez,
Depois de uma vida de luta e proteção,
Quantas proles,
Talvez negociadas para dar lucro ao seu “patrão”,
Ser jogada à destruição, faça bastante podridão,
Ela não é de seu corpo robusto não,
Mas da alma sórdida cheia de orgulho,
Do animal humano, que pensa que tudo pode,
Que pensa ser superior,
Sendo mais inferior que seus excrementos pequenina,
Que é delicioso aroma, perfume inebriante,
Perto da indecência humana,
Escancara bem suas vísceras dilaceradas,
Para que a maldade humana possa vir à tona,
Nem que seja no seu mais ínfimo inconsciente,
Lá onde só o além pode ver, para quem sabe um dia,
Tenha alguma compaixão em seu misero coração,
Podre de carniça,
Tentando transmutar e enganar,
Mas enganar a quem?
”À vida”,
Esquece-se das leis universais do espaço sideral,
Das leis imutáveis feitas pelo poder cósmico supremo,
Infalível,
Quiçá um dia abaixe seu focinho e perceba sua insignificância,
Sua sordidez grande demais, para que algum dia,
Essas leis venham a lhe socorrer,
Quiçá um dia invertam-se os papéis,
E o reino animal, mineral e vegetal possam dizer enfim,
“ALELUIA”, “ALELUIAAAA”, “ALELUIA”...
Justiça agora é feita,
Que repiquem os sinos...
Descanse agora em paz pequenina sem visão,
Mas antes sinta um beijo em seu coração,
Venceu a maldade humana,
Mais uma vez.

1 comentário:

  1. Pobre fila cega abandonada, viveu seus últimos dias no monte de areia, ao relento, levava alimento e agua, não podia recolher, meus exclusivistas não aceitavam, tentei encontrar socorro, em vão, acabaram assassinando a pobre criatura indefesa...

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